NOTAS CRÍTICAS ACERCA DA RESPONSABILIDADE E DO ESTATUTO DO PARLAMENTAR
Palavras-chave:
Estatuto Parlamentar, Responsabilidade do Parlamentar, Deveres, Prerrogativas, Imunidades, Foro por prerrogativa de função, Separação de poderes, Decoro parlamentar, IncompatibilidadesResumo
Diante da construção de uma separação de funções, nada mais evidente que a necessidade de conferir aos poderes os instrumentos necessários para impedir que os demais causem ingerências que atentem contra sua própria autonomia, da mesma forma que é preciso encontrar meios para que haja um equilíbrio democrático entre eles. O Estatuto do Parlamentar, com a previsão de garantias e deveres aos congressistas, longe de ser uma novidade, acaba se tornando uma decorrência lógica da democracia representativa. Ademais, as disposições, a despeito de protegerem os parlamentares em face da macroativi- dade do Executivo e do Judiciário, acabam evitando que o poderio econômico e as posições meramente pessoais sub-repticiamente se tornem objetivos cen- trais do exercício da função. Assim, as prerrogativas, longe de protegerem a pessoa do parlamentar, atu- am na defesa não apenas da função, mas também da própria sociedade, representada pelo seu exercício, como determinam as bases do constitucionalismo. A análise realizada partiu, basicamente, das disposi- ções da Constituição sobre o tema, com metodologia bibliográfica e exploração jurisprudencial, nacional e internacional, mesclando, assim, dosagens teóricas e aplicadas. Os resultados demonstram que a preocupa- ção com a liberdade parlamentar não é recente e, com o tempo, outras disposições vieram a se incorporar. Todavia, é importante apontar que a proteção à ati- vidade parlamentar deve ser vista como prerrogativa, e não privilégio, excluindo-se abordagens que tenham tal intuito. O parlamentar não apenas possui direitos, mas também deveres perante a sociedade.
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