O ESTADO DE EXCEÇÃO EM GIORGIO AGAMBEN E O CONTROLE BIOPOLÍTICO SOBRE OS CORPOS FEMININOS: A REALIDADE DA DISTOPIA “O CONTO DA AIA” NA VIDA DAS MULHERES BRASILEIRAS
Resumen
A pesquisa analisa aspectos da obra O conto da Aia, de Margaret Atwood, a fim de compreender de que modo muitos de seus acontecimentos já são vivenciados, especialmente por mulheres no contexto brasileiro atual. Parte da hipótese de que, enquanto na distópica Gilead é necessário um golpe de estado e a instituição de um estado de exceção ditatorial, como crucial para o desencadeamento dos fatos narrados, na realidade brasileira, onde o estado de exceção habita permanentemente o seio democrático, tal como na obra de Giorgio Agamben, a violência biopolítica sobre determinados corpos femininos é uma realidade, demonstra Rita Segato. Portanto, na primeira parte desvelam-se os conceitos de biopolítica e estado de exceção em Agamben e, violência contra as mulheres em Rita Segato, para no segundo, demonstrar a conexão entre acontecimentos da obra, e a vida cotidiana das mulheres brasileiras. Ao final, a obra pode ajudar a refletir criticamente uma nação com base democrática aparentemente consolidada, que carrega na dimensão do radicalismo e do fundamentalismo em suas próprias fissuras, sujeitas a ascenderem e tolherem as liberdades de todos os sujeitos à mercê do poder soberano. O método da pesquisa é fenomenológico, visando uma revisão bibliográfica com interpretação de conceitos pela linguagem.Referencias
AGAMBEN, Giorgio. Estado de exceção. Tradução de Iraci D. Poleti. São Paulo: Boitempo, 2004.
AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua I. Tradução de Henrique Burigo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007.
ATWOOD, Margareth. O conto da aia. Tradução de Ana Deiró. Rio de Janeiro: Rocco, 2017.
BUTLER, Judith. Vida precaria: el poder del duelo y la violencia. Tradução de Fermín Rodríguez. Buenos Aires: Paidós, 2009.
FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade: curso no Collège de France (1975-1976). Trad. Maria Ermantina Galvão. 2. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010
GRECCA, Gabriela Bruschini. O feminino como excesso obsceno em O Conto da Aia, de Margareth Atwood. Revista Travessias. V. 12, nº 2, maio/ago. 2018.
HERRERA FLORES, Joaquín. De habitaciones proprias y otros espacios negados: una teoría crítica de las opresiones patriarcales. Spain: Universidad de Deusto, 2005.
MIGUEL, Luis Felipe; BIROLI, Flávia; MARIANO, Rayani. O direito ao aborto no debate legislativo brasileiro: a ofensiva conservadora na Câmara dos Deputados. In: OPINIÃO PÚBLICA, Campinas, vol. 23, nº 1, jan. - abr., 2017.
SEGATO, Rita Laura. La guerra contra las mujeres. Madrid: Traficantes de Sueños, 2016.
SEGATO, Rita Laura. Las nuevas formas de la guerra y el cuerpo de las mujeres. Revista Sociedade e Estado - Volume 29 Número 2 Maio/Agosto 2014.
SEGATO, Rita Laura. La escritura en el cuerpo de las mujeres asesinadas en Ciudad Juárez. 1a. ed. Buenos Aires: Tinta Limón, 2013.
TIBURI, Marcia. Branca de Neve ou corpo, lar e campo de concentração. As mulheres e a questão da biopolítica. In: TIBURI, Marcia; VALE, Barbara (Orgs.). Mulheres, Filosofia ou coisas do gênero. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2008.
VILLINGER, Ingeborg. Uma esfera pública em decomposição e dominada por sentimentos. Revista do Instituto Humanitas Unisinos, edição 505, 22 de maio de 2017. P. 25-30.
WERMUTH, Maiquel Angelo Dezordi. A produção da vida nua no patamar de indistinção entre direito e violência no estado de “guerra global”. In: Pensar, Fortaleza, v. 20, nº 1, p. 160-184, jan./abr. 2015
WERMUTH, Maiquel Angelo Dezordi; NIELSSON, Joice Graciele. O campo como espaço da exceção: uma análise da produção da vida nua feminina nos lares brasileiros à luz da biopolítica. Prim@ Facie. Vol. 15, nº 30, 2016.
WERMUTH, Maiquel Angelo Dezordi; NIELSSON, Joice Graciele. Ultraliberalismo, evangelicalismo politico e misoginia: a força triunfante do patriarcalismo na sociedade brasileira pós-impeachment. Revista eletrônica do curso de Direito da UFSM, Santa Maria, RS, v. 13, n. 2, p. 455-488, ago. 2018. ISSN 1981-3694. Disponível em: < https://periodicos.ufsm.br/revistadireito/article/view/27291 >. Acesso em: 19 de setembro de 2018. doi: http://dx.doi.org/10.5902/1981369427291 .
Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
Declaro, para os devidos fins de direitos e obrigações, sob as penas previstas na legislação vigente, que como autor(a)/detentor(a) dos direitos autorais do artigo submetido, cedo-os à Revista Argumentum, nos termos da Lei Federal nº 9.610 de 19 de fevereiro de 1998 (Lei dos Direitos Autorais).