A EXPERIÊNCIA HISTÓRICA DOS PRINCÍPIOS SULLIVAN E A SUA IMPORTÂNCIA PARA O DESENVOLVIMENTO DA AUTORREGULAÇÃO DA CONDUTA EMPRESARIAL CONFORME OD DIREITOS HUMANOS
Resumo
Este artigo objetiva, em linhas gerais, estudar os Princípios Sullivan e sua importância para o desenvolvimento de uma autorregulação da conduta empresarial em conformidade a direitos humanos fundamentais. O problema que moveu essa pesquisa foi: como ocorreu o desenvolvimento dos Princípios Sullivan e de que maneira tal projeto influenciou as experiências posteriores? Como hipótese, aponta-se que a experiência dos Princípios Sullivan desencadeou uma série de processos normativos e reflexivos, inserindo a autorregulação da responsabilidade social empresária como fator integrante do Direito contemporâneo. Seus objetivos específicos são: i) realizar uma reconstrução histórica da criação e do desenvolvimento dos Princípios Sullivan, enquanto experiência normativa autorregulatória e reflexiva; ii) analisar importantes iniciativas posteriores (como os Princípios MacBride e o Caso Shell), de modo a identificar a influência e importância dos Princípios Sullivan. Resultados: os Princípios Sullivan foram pioneiros como princípios guiadores de autorregulação, capaz de causar irritação em outras ordens, motivando novas formas jurídicas. Os inúmeros códigos de ética empresarial, forma normativa recorrente na atualidade e representantes da reflexividade do direito contemporâneo, são consequências dos processos políticos, econômicos e normativos originados a partir da iniciativa Sullivan. Metodologia: métodos de procedimento histórico-evolutivo e hipotético-dedutivo, com abordagem qualitativa e técnica de pesquisa bibliográfico-documental.
Referências
ALEXIS, Gwendolyn Yvonne. The Global Sullivan Principles. Green Business: An A-to-Z Guide. SAGE Publications, 2010.
BEHNAM, Michael; MacLEAN, Tammy L. Where is the Accountability in International Accountability Standards?: a Decoupling Perspective. Business Ethics Quarterly. v. 21, n. 1, p. 45-72. Jan. 2011.
CARASCO, Emily F.; SINGH, Jang B. Human Rights in Global Business Ethics Codes. Business and Society Review. Malden, Oxford, v. 113, n. 3, p. 347-374. 2008.
FERREIRA, Luciano Vaz. Corrupção e negócios internacionais: como o Brasil pode controlar o suborno praticado por empresas transnacionais Jundiaí: Paco Editorial, 2016.
FRIEDMAN, Milton. The Social Responsibility of Business is to Increase its Profits. The New York Times. 13 de setembro de 1970. New York Times Archive. Disponível em: < http://www.nytimes.com/1970/09/13/archives/a-friedman-doctrine-the-social-responsibility-of-business-is-to.html>. Acesso em: 05 out 2019.
FRYNAS, J. George. Royal Dutch/Shell. New Political Economy. v. 8, n. 2, p. 275-285. 2003.
GOODMAN, David. The 1980s: The Anti-Apartheid Convergence, Massachusetts and beyond. In: MINTER, William; HOVER, Gail; COBB JR, Charles (ed.). No Easy Victories: African Liberation and American Activists over a Half Century 1950-2000. Trenton: Africa World Press, Inc, 2007.
GRIFFITH, Sean J. Corporate Governance in a Era of Compliance. William and Mary Review, v. 57, p. 2075-2140, 2016.
GUELKE, Adrian. The Political Impasse in South Africa and Northern Ireland. Comparative Politics. v. 23, n. 2, p. 143-162. Jan. 1991.
GUELKE, Adrian. The United States, Irish Americans and the Northern Ireland Peace Process. Royal Institute of International Affairs. v. 72, n. 3. P. 521-536. Jul. 1996.
GÜNTHER, Gotthard. Life as Poly-Contexturality. Vorkender, [S. l.], fev. 2004. Disponível em: <http://www.vordenker.de/ggphilosophy/gg_life_as_polycontexturality.pdf>. Acesso em: 05 out 2019.
IRISH NATIONAL CAUCUS. The MacBride Principles at 25. 28 mar. 2013, s.p. Disponível em: <http://www.irishnationalcaucus.org/principle/the-macbride-principles-at-25-2/>. Acesso em: 05 out 2019.
LIVESEY, Sharon M. Eco-identity as Discursive Struggle: Royal Dutch/Shell, Brent Spar, and Nigeria. Journal of Business Communication. v. 38, n. 1, p. 58-91. Jan. 2001.
LIVESEY, Sharon M.; KEARINS, Kate. Transparent and caring corporations? A study of Sustainability Reports by The Body Shop and Royal Dutch/Shell. Organization & Environment. v. 15, n. 3, p. 233-258. Set. 2002.
LUHMANN, Niklas. La sociedad de la sociedad. Tradução de Javier Torres Nafarrate. México: Herder, 2007.
LUPASCO, Stéphane. Le principe d'antagonisme et la logique de l'énergie. Prolégomènes à une science de la contradiction. Paris: Rocher, 1987, p. 20 e ss.
MCCRUDDEN, Christopher et al. Affirmative Action without Quotas in Northern Ireland. The Equal Rights Review. v. 4, p. 7-14. 2009.
MCMANUS, Father Sean. The MacBride Principles – The Essence. Irish National Caucus, Inc. Disponível em: <http://www.irishnationalcaucus.org/principle/the-macbride-principles-the-essence/>. Acesso em: 05 out 2019, s.p.
MICHIGAN IN THE WORLD. Corporate Response: The Sullivan Principles. Divestment for Humanity. Disponível em: <http://michiganintheworld.history.lsa.umich.edu/antiapartheid/exhibits/show/exhibit/origins/sullivan-principles>. Acesso em: 05 out 2019, s.p.
NEVES, Marcelo. Transconstitucionalismo. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009.
NICOLESCU, Basarab. O manifesto da transdisciplinaridade. Tradução de Lucia Pereira de Souza. São Paulo: TRIOM, 1999.
ROTH, Molly. Sullivan Principles. Global Philadelphia. Disponível em: <https://globalphiladelphia.org/sites/globalphiladelphia.org/files/Resource9ASullivanPrinciples.pdf>. Acesso em: 05 out 2019.
RUGGIE, John Gerard. Quando negócios não são apenas negócios: as corporações multinacionais e os Direitos Humanos. Tradução de Isabel Murray. São Paulo: Planeta Sustentável, 2014.
SETHI, S. Prakash; WILLIAMS, Oliver F. Creating and Implementing Global Codes of Conduct: an assessment of the Sullivan Principles as a role model for developing international codes of conduct – lessons learned and unleraned. Business and Society Review. Malden, Oxford, v. 105, n. 2, p. 169-200. 2000.
WERHANE, Patricia H. The Moral Responsibility of Multinational Corporations to Be Socially Responsible In: BEVAN, David J.; WOLFE, Regina W.; WERHANE, Patricia H. Systems Thinking and Moral Imagination: Rethinking Business Ethics. Cham: Springer, 2019, p. 379-385.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Declaro, para os devidos fins de direitos e obrigações, sob as penas previstas na legislação vigente, que como autor(a)/detentor(a) dos direitos autorais do artigo submetido, cedo-os à Revista Argumentum, nos termos da Lei Federal nº 9.610 de 19 de fevereiro de 1998 (Lei dos Direitos Autorais).